sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013


Gil Rugai é condenado a 33 anos e 9 meses pela morte do pai e da madrasta
  • Além de homicídio duplamente qualificado, ele também foi condenado por estelionato

  • SÃO PAULO - O conselho de sentença - formado por cinco homens e duas mulheres - decidiu pela condenação, nesta sexta-feira, do ex-seminarista Gil Rugai. Ele foi considerado culpado pelo assassinato do pai, Luis Carlos Rugai, 40, e da madrasta, Alessandra Troitino, em 28 de março de 2004, na Zona Oeste de São Paulo. Gil Rugai também foi condenado por estelionato, por desfalcar a empresa do pai, uma produtora de vídeos. As condenações somaram 33 anos e nove meses de prisão. A sentença foi lida no fim da tarde desta sexta-feira, pelo juiz responsável pelo caso, Adilson Paulkoski Simoni. Gil Rugai ainda não foi preso, pois ainda há possibilidade de recurso.
    A acusação comemorou o resultado, se dizendo aliviada e emocionada.
    - Me chamaram de ridículo. Me humilharam, disseram essa semana que o meu trabalho foi pífio. Estou emocionado e aliviado. Faz tempo que não vejo minha família. Estou cansado. A condenação foi justa, adequada. Dever cumprido - disse o promotor Rogério Leão Zagallo, que, questionado se este seria o caso de sua vida, acrescentou:
    - O próximo será o caso da minha vida.
    Os advogados de Gil Rugai ainda não se manifestaram, mas foram aplaudidos no fórum por um grupo de estudantes de direito.
    O julgamento, que ocorreu no Fórum Criminal da Barra Funda, teve debates entre acusação e defesa. O réu chegou por volta das 10h ao local e entrou pelos fundos do prédio. O sessão recomeçou às 10h56m. O debate teve início com o promotor. Ao chegar ao Fórum da Barra Funda, ele declarou que espera que Gil saia do tribunal do júri “condenado e preso”. Zagallo começou lendo o depoimentos de testemunhas na época do inquérito policial. Zagallo quis demonstrar que Gil Rugai era agressivo e revanchista. O promotor deu destaque para dois depoimentos. Um era o de um funcionário da produtora. Gil Rugai disse a ele, numa conversa de bar, segundo o depoimento, que seria melhor que o pai morresse. Outro depoimento é o da gerente de um banco, que falou que a empresa de Rugai tinha problemas por falsificação de cheques.
    - Gil Rugai disse a amigos: - Eu seria mais feliz se meu pai morresse - disse o promotor.
    Em sua participação, o promotor de Justiça disse não haver dúvidas que Gil Rugau era culpado pelos assassinatos do pai e da madrasta, e que os matou por ter falsificado cheques da empresa de Luis Carlos, causando um desfalque de cerca de R$ 100 mil. Disse, ainda, que o crime não pode ter sido cometido por outra pessoa que não o réu.
    Em seguida, o advogado Marcello Feller fez questão de dizer aos jurados o quanto eles eram importantes e criticou o promotor.
    - Vamos falar de provas, porque a acusação só falou do perfil do Gil.
    Em seguida, o defensor apresentou uma linha do tempo, tentando mostrar aos jurados a cronologia do crime. O promotor decidiu não pedir tréplica. Com isso, após uma pausa para o almoço, o conselho de sentença se reunirá para decidir sobre o futuro do réu.
    Gil Rugai, acusado de matar o pai e a madrasta há nove anos, foi interrogado nesta quinta-feira. Ele admitiu ter tido desentendimentos com as vítimas, disse que nunca teve uma arma e negou o crime.
    Durante quatro horas, Gil Rugai respondeu às perguntas do juiz, dos advogados e da acusação. A defesa tentou mostrar que a reunião que o réu teria tido com o pai cinco dias antes do crime nunca aconteceu.
    Um funcionário da produtora de Luiz Carlos Rugai disse à polícia que pai e filho haviam brigado nesse encontro. Depois dessa reunião, Luiz Carlos teria decidido trocar as chaves da porta da produtora.
    O réu alegou que o encontro nunca aconteceu e disse que, naquele horário, ele e o pai jantaram juntos em um restaurante na Avenida Paulista. A defesa apresentou como prova a lista de telefonemas feitos e recebidos por Gil Rugai naquele dia.
    De acordo com os advogados, no horário da suposta reunião, Gil Rugai estava longe da produtora. A defesa também levantou a suspeita de que esse funcionário pode ter sido o autor do crime, e disse que vai usar essa tese durante os debates finais.
    Gil Rugai parecia calmo durante todo o interrogatório e também se mostrou bastante articulado ao responder as perguntas, mas não utilizou todo tempo que lhe foi concedido para fazer uma defesa veemente de sua inocência.
    Perguntado pelo juiz se tinha algo mais a dizer, falou apenas: - Eu acho que dizer que sou inocente não vai adiantar muito. O juiz respondeu que “já é alguma coisa”.
    Antes disso, o juiz questionou se ele tinha ideia de quem poderia ter motivos para matar o pai e a madrasta. Gil respondeu que, quando estava preso, pensou muito sobre o assunto, mas que começou a ficar paranoico e desistiu de descobrir quem seriam os assassinos

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